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Outro dia, numa sexta de manhã (olha o dia), recebi uma ligação de uma empresa depois de investir mais de uma hora numa reunião online com o cara que me procurou para fazer o trabalho e o diretor de marketing. Essa ligação veio poucos dias depois da nossa reunião. Era uma pessoa que eu não lembrava, que não participou do encontro online, que eu tinha visto uma única vez três anos atrás. Já de cara, intimidade de melhor amiga. Já de cara, pedindo desconto na proposta que eu havia feito com valor justo. A justificativa? “Abaixa aí porque a gente vai fechar um contrato de assessoria de imprensa com você no ano que vem”. Oi? Deixa eu ser bem claro: essa pessoa não participou da mais de uma hora que eu gastei entendendo o que o cliente precisa. Não esteve lá quando as ideias começaram a tomar forma. Não viu o tempo que virou trabalho. Mas chegou achando que podia chutar o preço do MEU trabalho para baixo em troca de uma promessa que muito possivelmente poderia nunca ser realizada. Já passei por isso, sei como é. Aí, quando eu recuso e digo que não é assim que se negocia profissionalmente, de repente, há raiva. Emoção. Fígado. Some o profissionalismo. Deixa eu falar uma coisa para quem tá lendo isso: nunca baixe um centavo do valor de um trabalho que tem VALOR, que tem história, que tem cases de sucesso. Isso não é arrogância. É autopreservação profissional. A pessoa que pede desconto já na primeira conversa não está comprando seu trabalho. Ela está procurando papel higiênico no supermercado. E quando você recusa o desconto, a coisa azeda, porque esperava conseguir algo por menos do que vale. Minha opinião direta e reta: 1. Cobre por tudo. Reunião fora da sua cidade? Cobre deslocamento. Proposta detalhada? Cobre análise. Nunca regale tempo pensando que vai criar goodwill. Goodwill não paga suas contas. 2. Nunca envie proposta de trabalho detalhada antes da assinatura. Se mandou tudo certinho, a pessoa pega aquele plano, passa para alguém mais barato fazer uma porcaria, e você fica sem nada. Envie proposta falando do projeto, mas não se aprofunde em nada. Detalhe somente quando o contrato estiver assinado. 3. Nunca acredite em promessa de futuro. “Faz isso agora com desconto que contrato você depois” é a mentira comercial mais velha do mundo. Quem propõe isso demonstra que não respeita seu trabalho. Está vendo você como uma máquina de vender barato, não como um profissional que merece ser pago. 4. Nunca comece a trabalhar sem contrato assinado. Porque existe muita gente mau-caráter que simplesmente não paga o aviso prévio contratual quando pede para sair, como fez recentemente comigo um sindicato aí. Negociação justa não é negociação? Negociação justa é você respeitando seu próprio trabalho o bastante para cobrar pelo que vale. Nunca ceda a ninguém que só vê preço, nunca o seu valor.
